terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pesquisadora da UnB substitui elementos químicos usados no tratamento de água pela quitosana, que é natural e menos poluente

Mariana Costa/UnB Agência


Aluna da UnB recebe prêmio nacional de Engenharia
Pesquisa de Bruna Capelete substitui elementos químicos usados no tratamento de água pela quitosana, que é natural e menos poluente

Texto: UnB Agência Foto Mariana Costa/UnB Agência

Diogo Lopes de Oliveira - Da Secretaria de Comunicação da UnB

Bruna Cesca Capelete, doutoranda do Programa de Tecnologia Ambiental e Recursos da UnB, é uma das vencedoras do Prêmio Brasil de Engenharia. Sua pesquisa sobre substituição de elementos químicos usados no tratamento de água foi eleita por 25 pesquisadores de universidades do Brasil inteiro como a melhor na categoria “Saneamento e Recursos Hídricos”. O prêmio é uma iniciativa do Sindicato dos Engenheiros do Distrito Federal (Senge-DF) e do Instituto Atenas de Pesquisa e Desenvolvimento. “Esse foi o meu primeiro prêmio. Ele serve como um reconhecimento e um incentivo para continuar com as minhas pesquisas”, disse Bruna.

Alejandra Jiménez, terceira colocada na última edição do prêmio Jovem Cientista e também aluna da UnB, recebeu a menção honrosa pelo seu trabalho sobre a aplicação de resíduos de construção em pavimentações. Confira aqui a lista de todos os vencedores do Prêmio Brasil de Engenharia 2011.

Paulista de Taubaté e formada pela Universidade Federal de Viçosa, Bruna seguiu o conselho da professora Cristina Célia Brandão, do Departamento de Engenharia Civil, e pesquisou durante o mestrado maneiras de usar materiais menos nocivos em processos de tratamento de água por companhias de saneamento. Hoje, o processo é feito com metais como o sulfato de alumínio ou o cloreto férrico.

A proposta de Bruna é substituir esses elementos químicos pela quitosana, uma derivação da quitina, encontrada na carapaça dos artrópodes. “Essa modificação se mostrou tão eficiente quanto o método usado até agora que utiliza metais” disse a pesquisadora.
Hoje em dia, na primeira etapa de tratamento, chamada mistura rápida, são incorporadas substâncias chamadas de coagulantes, que servem para eliminar as cianobactérias, microorganismos presentes nas águas dos rios que alimentam as estações de tratamento. Na desinfecção, última fase do processo, é adicionado o cloro. Caso essas bactérias mantenham-se vivas nesta fase final, a reação com o cloro facilitaria a criação de trihalometanos, que são substâncias cancerígenas. O sulfato de alumínio e o cloreto férrico são usados exatamente para eliminar essas bactérias.
De acordo com Bruna, a aplicação de 1mg de quitosana por litro de água substitui perfeitamente os 15mg de sulfato de alumínio por litro que são aplicados hoje em dia. 

Segundo a orientadora, Cristina Célia Brandão, o trabalho de Bruna é uma das poucas pesquisas sobre o assunto no país e significa um avanço na disposição de rejeitos e para a segurança do meio ambiente. “Nós temos um mar e uma indústria de pesca enormes. Temos um imenso potencial de produção de quitosana aproveitando a casca dos camarões, por exemplo”, disse Cristina. “Bruna comprovou a aplicação da quitosana no tratamento de água para a realidade brasileira”, complementou.

A pesquisa de Bruna Capelete faz parte de um estudo realizado em parceria com a Universidade de Dresden, na Alemanha. Em países como a Noruega, a quitosana já é aplicada no tratamento de água. No entanto, a presença de cianobactérias é muito mais comum no Brasil que em países de altas latitudes. Esses microorganismos precisam de temperaturas entre 25°C e 30°C para se proliferarem.

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Andrés Gianni, presidente do Instituto Atenas e idealizador do Prêmio Brasil de Engenharia, acredita que apesar de estar na segunda edição, o prêmio já se consolidou como uma referência pela qualidade dos trabalhos, pela abrangência no país e pela diversidade de categorias e níveis de profissionais. “É uma valorização da produção científica no país, que muitas vezes não tem toda a visibilidade que merece”, disse o presidente. “Contribuímos para o desenvolvimento ao premiar soluções e mudanças para o país”, complementou. Pesquisadores das cinco regiões do país e de 11 estados, além do Distrito Federal participaram do prêmio. Foram distribuídos mais de R$ 100 mil em premiações.
Alejandra Jiménez recebeu o segundo prêmio pela sua dissertação de mestrado: Amenção honrosa do Prêmio Brasil de Engenharia. Em dezembro de 2011, a presidente Dilma Rousseff entregou-lhe o troféu de terceiro lugar do Prêmio Jovem Cientista, no Palácio do Planalto. Veja aqui a matéria da época.

“Fiquei feliz porque a organização do encontro disse que havia vários trabalhos de qualidade. Por isso, eles decidiram conceder a menção honrosa em várias categorias”, disse Alejandra, que assim como no ano passado esteve acompanhada do seu orientador Márcio Muniz de Farias, do departamento de Engenharia Civil e Ambiental (ENC), na entrega da homenagem.