sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pimenta de macaco: pesquisa indica quando é o melhor período para o plantio


Possibilidade de incrementar a produção do óleo essencial para biodefensivo e biofertilizante
Agência Museu Goeldi 
 Planta aromática da família Piperaceae, nativa da região amazônica, com alto teor de óleo essencial e rica em dilapiol, a Piper aduncum L. é conhecida também como pimenta de macaco, aperta-joäo, jaborandi do mato e pimenta do fruto ganchoso. A espécie é utilizada pelas populações tradicionais no combate a fungos, a moluscos, ácaros, bactérias e larvas.
Em busca de melhorar a produção de dilapiol o bolsista Ciro José Jardim de Figueiredo, graduando em engenharia de produção, orientado pelo pesquisador da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Milton Hélio Lima da Silva, desenvolveu o trabalho “Análise morfométrica da espécie Piper aduncum L. para determinação do período ideal de plantio”. 
O estudo determinou o período ideal de plantio e safra de pimenta de macaco com base na análise do seu peso fresco e seco. Para isso, o bolsista escolheu aleatoriamente 200 indivíduos de Piper em oito diferentes períodos.

O levantamento foi feito no município de Santo Antônio do Tauá, nordeste paraense e a área utilizada possui aproximadamente três hectares, onde estudos são realizados para melhorar as técnicas de manejo produtivo da espécie.
Peso das folhas 
O método de coleta para estimativa do peso das folhas frescas (PFF) e das folhas secas (PFS) de Piper aduncum L. no estudo ocorreu através da verificação da biomassa vegetal de indivíduos escolhidos em dois diferentes períodos. O primeiro período ocorreu nos meses de agosto a novembro (que correspondem à época de seca), o segundo nos meses de janeiro a abril (período de chuva). Para cada mês, 25 indivíduos foram analisados.
Em cada indivíduo folhas e talos finos foram retirados com auxílio de tesoura de poda, para posterior pesagem do material e envio ao Museu Goeldi para secagem, simulando um ambiente correspondente ao do processo de beneficiamento do sistema agroindustrial. Os dados passaram por tratamentos estatísticos no software Statistica 7.0 e a extração do óleo essencial da pimenta de macaco ocorreu no Laboratório de Fitoquímica do MPEG.
Para Ciro José, a pesquisa pode “ajudar a otimizar a produção da pimenta de macaco, para que dê um maior retorno econômico e cause menor impacto ambiental”.  Os resultados do estudo mostram que o método se adequa à previsão da quantidade de biomassa e planejamento da safra.
Outro resultado importante da pesquisa é a observação de que o rendimento do óleo não é afetado pelo período de safra: “o aumento da produtividade de dilapiol está em função da quantidade de biomassa de P. aduncum L., não do mês que acontece a colheita”, explica o bolsista.

Período ideal 
Como a safra de pimenta de macaco ocorre em dois períodos ao ano, o estudo observou que o melhor período para o início de plantio é no fim do período seco, para aproveitamento do período de inverno da região, retirando o uso da irrigação mecanizada e colhendo após o término do segundo período. Assim, o cultivo deve ter inicio no mês de novembro, com corte realizado em abril, seguido pela safra seguinte para corte em outubro, e só então reiniciando o ciclo.

Contra fungos, ácaros e bactéria

O gênero Piper contém cerca de 260 espécies. A Amazônia abriga cerca de 140 delas. A família Piperaceae inclui plantas com hábitos predominantemente herbáceos (trepadeiras, arbustos e até arvores). O gênero Piper é muito utilizado na medicina popular da America Latina e Oeste da Índia, devido à presença do óleo dilapiol, biodefensivo e biofertilizante. A espécie Piper aduncum L. é considerada uma planta oportunista que invade áreas desflorestadas após exploração de madeira, de alta rusticidade e de elevada resistência às mudanças climáticas.

Texto: Lucila Vilar