terça-feira, 17 de julho de 2012

Centro de estudos costeiros da UFRGS indica causas para a morte de pinguins no litoral


Ceclimar indica causas naturais para mortes de pinguins no Litoral
foto: divulgação
Historicamente, julho é o mês em que mais animais chegam debilitados ao Centro. Aves encontradas não apresentavam lesões externas nem óleo na plumagem

Os pesquisadores da UFRGS acreditam que os 512 pinguins encontrados no Litoral Norte do Rio Grande do Sul morreram de causas naturais. O Ceclimar, Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da Universidade, chega a esta conclusão em razão das condições em que os animais foram encontrados e pela experiência em estudos com a espécie.
O biólogo que atua no caso, Maurício Tavares, afirma que a maioria dos pinguins encontrados na última semana eram jovens. “Aves que estão no primeiro ano de vida são inexperientes”, diz ele.
Todos estavam no mesmo estágio de decomposição, além de magros, com alta carga parasitária, ausência de lesões externas e de óleo na plumagem. “Todos esses aspectos associados à entrada de frentes frias na última semana são condizentes com o padrão de encalhes observado no litoral gaúcho anualmente. E, embora tenhamos tido uma grande concentração entre Tramandaí e Cidreira, de 368 animais, esses fatores indicam ser o fenômeno fruto do processo de seleção natural”, conclui.

O pesquisador revela ainda que todos os anos o fenômeno se repete, mas que este é o primeiro em que o Ceclimar realiza um monitoramento mais intenso dos acontecimentos, por isso os dados receberam mais atenção. Segundo Tavares, historicamente, é nesta época em que mais aves chegam ao setor de reabilitação do Centro. “A análise dos dados que temos indica que o mês de maior recebimento de pinguins pelo Ceclimar foi julho. Podemos utilizar as estatísticas do setor de reabilitação como um indicador da quantidade de animais que aparecem na orla”, destaca. Anualmente, diversos pinguins chegam ao local debilitados, feridos ou sujos de óleo, principalmente entre as localidades de Torres e o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, no município de Tavares.
Levantamento
Com o intuito de melhor entender a dinâmica do pinguim-de-magalhães no litoral gaúcho, o Ceclimar iniciou este ano um monitoramento semanal para avaliar a mortalidade da espécie. As áreas percorridas vão de Imbé a Torres e de Tramandaí a Quintão. A cada semana, uma das áreas é monitorada. Os trabalhos foram iniciados em 15 de junho e até o momento já foram realizados cinco monitoramentos onde foram encontrados respectivamente 10, 126, 71, 26 e 512 espécimes mortos.
Para melhor avaliação e interpretação do que provocou o fenômeno, foram coletados 30 animais para realização de análises pela Faculdade de Veterinária da UFRGS. O laudo técnico será finalizado em 30 dias, mas o estado em que foram encontrados os animais permite aos pesquisadores concluírem que a causa das mortes é a seleção natural.
Pinguim
O pinguim-de-magalhães é uma espécie que se reproduz nas costas leste e oeste da América do Sul, desde o Chile até a Argentina. Todos os anos após a fase reprodutiva, os indivíduos realizam a troca da plumagem, processo esse denominado de muda e que antecede os deslocamentos da espécie. De acordo com estudiosos, os indivíduos que se reproduzem nas colônias mais ao norte da distribuição da espécie, como na Península Valdés e Punta Tombo, possam atingir a costa brasileira.
Em paralelo aos estudos dos encalhes, o Ceclimar desenvolve atualmente uma série de estudos sobre a espécie no que tange à ecologia alimentar, isótopos estáveis, filogeografia, anilhamento e fauna parasitária, para um melhor entendimento sobre a sua dinâmica populacional.
com informações da UFRGS