segunda-feira, 11 de junho de 2012

Projeto desenvolvido na UFPA utiliza “telhados verdes” em edificações


Na Universidade Federal do Pará (UFPA), existem vários estudos com o objetivo de amenizar os impactos ambientais  negativos sobre o planeta , entre eles, está o Projeto de pesquisa intitulado “Estudo Higrotérmico de uma Cobertura Vegetal na Região Amazônica”, do curso de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo. A pesquisa foi desenvolvida pela arquiteta e engenheira Dircirene Tavares Marinho, sob a orientação dos professores doutores Maria Emilia Tostes e Irving Montanar Franco. O Projeto está sendo desenvolvido no Laboratório de Conforto Ambiental do Centro de Excelência em Eficiência Energética da Amazônia (Ceamazon), no Parque de Ciência e Tecnologia Guamá (PCT Guamá), em Belém.

A proposta trata do estudo da viabilidade de uma cobertura vegetal a ser aplicada sobre diversos tipos de telhados e lajes, no clima amazônico. Alguns quesitos são indispensáveis para a adoção do tipo de vegetação, os quais devem atender aos objetivos propostos para a área a ser coberta. São indispensáveis a análise da capacidade de carga da estrutura, a vedação da superfície, a fim de evitar possíveis infiltrações, assim como também a adequada proteção antirraízes.
Eficiência energética - A ideia do Projeto surgiu, segundo Dircirene, durante visitas técnicas em alguns ambientes de trabalho que não apresentavam nenhuma condição de conforto, especialmente o térmico. A partir desta situação, foi pensada uma proposta de projeto arquitetônico que atendesse os quesitos de conforto térmico com eficiência energética, baixos custo e manutenção, durabilidade e, especialmente, sem  danos ao meio ambiente
“O fator salubridade ainda é pouco observado na concepção do projeto arquitetônico quando se trata de ambientes laborais fabris. Infelizmente, por longos anos, a Arquitetura manteve-se alheia a essa área de atuação e, hoje, com a Arquitetura Bioclimática, abrem-se janelas para um novo foco de atuação, um novo olhar que observa a necessidade de se construir, em sintonia com o clima local, em respeito aos que nele habitam”, afirma a arquiteta, ressaltando que o aumento da temperatura em Belém foi uma das razões para a realização do trabalho. “O crescimento urbano desordenado de Belém está gerando o aumento da temperatura da cidade, induzindo seus habitantes ao consumo, cada vez maior, de aparelhos de ar-condicionado, sendo este um dos motivos para a realização do Projeto.”
Ensaios experimentais – “O Telhado Verde será aplicado sobre uma sala do Ceamazon, a qual está em fase de preparação da superfície para receber os componentes do teto experimental. Enquanto isso, estão sendo realizadas simulações com dois módulos vegetados, o que dará suporte para a formação conceitual do ensaio em uma escala real. Foram feitas medições das temperaturas superficiais de uma laje coberta com os módulos e de outra sem os módulos.  As medições foram feitas em dia ensolarado e, nestes testes, foi identificada redução significativa da temperatura da laje coberta pelos módulos vegetados, o que  poderemos inferir resultados positivos quando o experimento for utilizado em escala real”, afirma Dircirene Marinho.
Proteção ao meio ambiente - Segundo a mestranda, o Projeto oferecerá subsídios para a formação de conceitos sobre a importância de edificações que ofereçam qualidade de vida não apenas aos seus ocupantes, como também à população de uma cidade, caso seja utilizado esse tipo de cobertura em maior escala.
A pesquisadora explica que o uso de uma cobertura vegetal em edificações favorece o surgimento de pequenos ecossistemas, por meio da evapotranspiração; contribui com a redução do escoamento da água da chuva para a rede de esgoto; retém gás carbônico e libera oxigênio; oferece benefícios microclimáticos no local e no entorno, além de reduzir o consumo de energia elétrica.
“Essas vantagens devem ser observadas por possuírem importância essencial para a preservação dos recursos naturais e para a manutenção de todo um ecossistema, ao qual o homem pertence, na condição de agente e paciente, visto que é o principal responsável pela sua manutenção ou degeneração”, ressalta Dircirene.
Iniciativas - No Brasil, algumas iniciativas já estão sendo tomadas em algumas cidades, no sentido de reduzir os efeitos nocivos da urbanização. A Secretaria do Meio Ambiente de Porto Alegre defende a destinação de uma porcentagem da área total dos terrenos para vegetação, sem elemento construtivo permeável. Em Curitiba, ainda não existe uma lei que mencione as coberturas vegetadas, mas são comuns as reduções parciais de IPTU para imóveis com áreas verdes. O Estado de Santa Catarina dispõe de lei que define a criação do Programa Estadual de Incentivo à Adoção de Telhados Verdes, em espaços urbanos densamente povoados, nos  quais a implantação de sistemas vegetados não pode ser inferior a 40% da área total do imóvel.
“Em matéria publicada na Revista AU (revista de arquitetura e urbanismo, da Editora PINI), os ‘telhados vivos’ começam a ganhar mais notoriedade no Brasil, sobretudo pelo impacto positivo que a solução traz na obtenção de certificações ambientais, como o Aqua e o Leed. Por exemplo, a presença de telhado verde na cobertura de um edifício soma 15 pontos em 45 necessários para a obtenção do selo verde pelo Green Building Council (GBC),” conclui Dircirene Marinho.
Texto: Helder Ferreira – Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Alexandre Moraes e Divulgação / Projeto