terça-feira, 29 de maio de 2012

Contágio por malária prejudica desempenho escolar


Doença interfere no aprendizado (Foto: Ricardo Oliveira)
Agência FAPEAM

O baixo desempenho escolar nas disciplinas de Português e Matemática, em crianças de até 14 anos, pode ser consequência direta da malária. O dado faz parte da pesquisa 'A dinâmica de transmissão da Malária Vivax no município do Careiro' coordenada pelo doutor em Medicina Tropical, Marcus Lacerda.

Segundo Lacerda, compreender a dinâmica de transmissão da malária, causada peloPlasmodium vivax, foi o objetivo principal da pesquisa que já vem sendo desenvolvida há 5 anos por uma equipe de 40 pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Veira Dourado (FMT-HVD).
O estudo foi desenvolvido na comunidade de assentamentos agrícola 'Panelão', no município do Careiro Castanho (distante a 102 quilômetros de Manaus) e fez parte da programação do evento promovido pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD) em comemoração  aos 112 anos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 
Segundo o pesquisador o quadro epidemiológico da malária no Brasil é preocupante. “Embora, haja um declínio, o número absoluto de casos no ano de 2008 ainda foi superior a 300 mil pacientes em todo o País. Desses, 99,9% foram transmitidos nos Estados da Amazônia Legal, sendo o Plasmodium vivax a espécie causadora de quase 90% dos casos”, revelou.

O estudo teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa Integrado de Pesquisa e Inovação Tecnológica (Pipt).
Resultados locais
Segundo o pesquisador, o número de crianças infectadas é bem maior em relação a outras faixas etárias e estas tiveram um impacto no aprendizado escolar, ou seja, os índices de aprendizado nas disciplinas de Português e Matemática foram considerados baixos. O estudo identificou também que a malária vivax é uma das principais causas da anemia, o que possibilitou a identificação de outros problemas que atingem crianças de 0 a 14 anos.
“Dentre os principais resultados nessa fase preliminar está o número de incidência por faixa etária, a ocorrência de anemia com parasitoses intestinais serve de objeto de estudo para outros projetos de pesquisa, pois não são todas as pessoas que têm a capacidade de infectar o mosquito. Por conta disso a comunidade deverá ter a presença desses pesquisadores por mais um período”, adiantou.
Pesquisa no interior é prioridade
Existem várias prioridades de pesquisa no Amazonas, disse o pesquisador que salientou a existência de doenças que matam mais do que a malária. Ele aponta o Amazonas, como Estado da Federação que concentra o maior número de pessoas infectadas, o que considera um indicativo complicador para a saúde da população.
“Existem doenças como diabetes, hipertensão e a própria violência urbana dentro do contexto social, que também matam as pessoas, entretanto, são controláveis. Precisamos tomar conta destas outras doenças, disse.
Desenvolver pesquisas no interior do Estado tem demonstrado ser uma estratégia crucial. Sendo um dos primeiros projetos financiados pela FAPEAM naquela comunidade, ele tem surtido efeito de forma que os alunos de Pós-Graduação também acabam desenvolvendo pesquisas na área, o que possibilita a eles, conhecer a realidade do interior.
O pesquisador cita o exemplo de uma aluna bolsista que realizou o mestrado e o doutorado a partir do envolvimento com o projeto e hoje mora no município Careiro Castanho, ou seja, fixou-se naquela localidade.     
Sobre o Pipt
O Programa consiste em apoiar, com auxílio-pesquisa e bolsas, mestres e doutores vinculados a instituições públicas e privadas sem fins lucrativos interessados em realizar pesquisas científicas e tecnológicas no Amazonas.
Sebastião Alves - Agência FAPEAM