segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O RIO DA MINHA INFÂNCIA

O RIO DA MINHA INFÂNCIA
Luiz Bosco Sardinha Machado*


Porquê será que toda criança tem um rio com o qual identifica-se?Certo é, que nem sempre é um rio, mas um ribeirão, um coricho, um regato, um igarapé sei lá, mas a verdade é que adota-se um fio d’água com todo seu fascínio.Especulemos. Será porquê a pureza da infância identifica-se com o curso d’água igualmente puro?Ou então, que ele transporta segredos e novidades que apreendeu nas cabeceiras e leva lépido e fagueiro para os ribeirinhos rio-abaixo e aguça nossa curiosidade?Mas a verdade é que, por um motivo ou por outro sempre tivemos o rio dos sonhos da nossa infância.Ah! Você não teve?Então, sua infância passou e você não viu.O meu do qual não me envergonho era pequenino igual meu mundo, mas grande à medida dos meus sonhos e para lá eu ia e em suas margens ficava imaginando quantas aventuras passavam-se em suas margens e meu rio era testemunha disto.Silencioso e nada podendo fazer viu atinos e desatinos, que eu ficava imaginando, construindo castelos nas espumas límpidas de suas águas, que imaginava sempre seriam as mesmas.Hoje, lá não volto. Tenho medo de não encontrar o rio que lá deixei.Mudei tanto, que o rio também deve ter mudado, pois sempre senti seu palpitar de ente vivo que como eu cresceu e perdeu a inocência.