quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Palestra projetos urbanos

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“A geografia europeia dos grandes projetos urbanos: mega-eventos esportivos e seus álibis”, palestra de Petros Petsimeris na FAU-USP.
 
 do centrodametrópole.org
 
Uma iniciativa da FAU-USP, LAB-HAB, Centro de Estudos da Metrópole (CEM), Cebrap, Programa de Pós-Graduação em Geografia Humana da USP e Mira Central (Grupo livre de estudos sobre áreas centrais)
O expositor é professor da Université de Paris I – Panthéon Sorbonne e professor visitante da Universidade de Barcelona. Arquiteto e geógrafo grego, Petsimeris, é especialista em reabilitação de áreas centrais, segregação sócio-espacial e processos migratórios europeus. Pesquisa os impactos dos grandes projetos urbanos em países como Espanha, Reino Unido, Grécia, Polônia, República Checa, Itália e França.
A palestra foi realizada em 1/12 na FAU-USP. 
 
Atenas e os Jogos Olímpicos
 
Em sua exposição o arquiteto Petros Petsimeris abordou aspectos de suas pesquisas sobre os Jogos Olímpicos como forma de compreender a geografia e a planificação em determinados centros urbanos. Deteve-se especificamente no caso de Atenas, fazendo uma análise comparativa entre a situação da cidade em 1896 e de 2004, quando a cidade sediou o evento. Tomou como base elementos como tamanho, densidade populacional, base econômica, estrutura urbana, geografia social, contexto político, acessibilidade, infraestrutura, entre outros.
A sua apresentação se deteve em elementos-chave ligados à cronologia das Olimpíadas em seus aspectos relacionados às transformações urbanas, pelo fato de estarem ligadas à produção de importantes elementos ligados à infraestrutura da cidade, além de mudanças geopolíticas e geográficas, além das relacionadas à apropriação do espaço (Pax Olímpica, Pax Aedificativa, Pax Urbanistica e Pax post-Olímpica).
Levantou algumas hipóteses quanto à produção do espaço novo em correlação com espaços sociais (relação direta entre estrutura social do espaço e mudanças étnicas). Destacou algumas diferenças entre os casos de Barcelona e Atenas, em especial quanto ao processo de privatização, fragmentação e o papel desempenhado pelas construtoras que participaram dos projetos. Ressaltou ainda, a função catalisadora e de produção de obras públicas cuja demanda em Atenas datava em alguns casos em até 100 anos.
Abordou certos pontos relacionados à experiência, à percepção e à imaginação em contraponto com a acessibilidade, apropriação e uso do espaço e dominação e controle do mesmo, tais como: ações de lifting de certas áreas, unificação de espaços arqueológicos, reabilitação do centro histórico (onde grande parte da população teve que deixar seus locais de moradia para dar lugar a espaços de luxo), a importância dos imigrantes (muitos ilegais) para a realização das obras e também da vigilância, que consumiu de três a quatro vezes o valor gasto com a infraestrutura do evento. O pesquisador contou ainda que foram detectados aumento da imigração durante a construção/transformação do espaço, bem como dos transportes e comunicação, além da redistribuição das centralidades do espaço intrametropolitano, além de melhora da acessibilidade, entre outros, tanto positivos como negativos.
As suas conclusões estão relacionadas ao impacto dos Jogos Olímpicos (de Atenas) diante de problemas ordenamentos urbanos, o seu valor como forma de controle e ao mesmo tempo como catalisador de mudanças sem controle, lamentando o fato de não terem existido planos alternativos. Segundo Petsimeris, o plano para Atenas esteve mais ligado ao mito do que à realidade e se caracterizou pela falta de transparência e difusão das ações.