quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Vulcões: novo método poderá auxiliar na previsão de erupções

Se prever terremotos é uma atividade praticamente impossível 
nos dias atuais, não se pode dizer o mesmo das erupções 
vulcânicas. Antes de explodir e ejetar o material magmático 
do interior da Terra, os vulcões emitem uma série de 
sinais e quando corretamente interpretados podem evitar 
que populações inteiras sejam pegas de surpresa. 





Vulcanologo Ian Hamling no deserto de Afar, na Etiópia

Agora, cientistas das universidade de Indiana e Purdue nos
EUA, Leeds, na Inglaterra e Adis-Abeba, na Etiópia, 
acreditam terem desenvolvido uma nova maneira de localizar 
com precisão o local ocorrerão algumas erupções vulcânicas. 
De acordo com os pesquisadores, as tensões induzidas na 
crosta terrestre pelo movimento do magma durante uma 
erupção podem de fato disparar outros vulcões, permitindo 
que esses sejam previstos. Estudos anteriores já 
apontavam para essa possibilidade, mas estavam 
baseados em eventos isolados de erupção. 

Para chegar a esta conclusão, os cientistas analisaram 
a atividade vulcânica no deserto de Afar, na Etiópia, 
durante o período entre 2005 e 2009 e depois de 
estudarem uma rara sequência de 13 erupções 
magmáticas, descobriram que cada intrusão de 
rocha derretida entre as placas tectônicas arábica 
e africana tinha uma causa perfeitamente mensurável. 
De acordo com os resultados, as invasões não eram 
aleatórias, mas estavam relacionadas devido à 
mudança das tensões no interior da crosta terrestre. 

A equipe focalizou os estudos em torno de um 
dique (ou chaminé) vulcânico que eclodiu na 
região em setembro de 2005, onde o magma foi 
injetado ao longo de um dique entre 2 e 9 km 
de profundidade. Um dique vulcânico é uma 
longa fissura vertical criada quando o magma é 
trazido à superfície através de canais no interior 
da crosta da terra. 


Monitoramento e Previsão

Segundo o estudo, publicado na revista especializada 

"Nature Geoscience", durante essa erupção os 
vulcanólogos monitoraram uma grande rede de 
sensores instalados próximos a 12 pequenos diques 
da região e ao longo dos quatro anos da investigação 
os níveis de tensão da superfície próximo a 
cada dique aumentava significativamente durante cada
evento magmático. 





Esquema de vulcão

Os dados dos sensores foram então introduzidos 
em um modelo matemático de previsão baseado 
nas tensões do solo, que confirmou que as 12 
erupções subseqüentes seriam de fato as mais 
prováveis de ocorrer de acordo com o resultado 
do modelo. 

"Nós demonstramos que uma erupção vulcânica 
podem influenciar no disparo de outra, e isso 
poderá ajudar a prever futuros eventos", disse I
an Hamling, principal autor do estudo, junto 
à Escola de Terra e do Meio Ambiente da 
Universidade de Leeds.

Aplicação

Hamling acrescentou que se o método 

fosse aplicado este ano durante a erupção 
do Ejafjallajokull, na Islândia, seria possível 
prever com razoável exatidão se outros 
vulcões próximos entrariam em erupção,
estimando-se a tensão na crosta terrestre. 

"Conhecer o estado dessa tensão não 
vai dizer quando uma erupção vai acontecer, 
mas vai dar uma idéia melhor de onde é mais 
provável de ocorrer", explicou o cientista, que
espera que o método possa ser usado junto 
a outras formas de previsão atualmente em uso.

Ilustrações: Equipe de vulcanólogos durante as 

observações no deserto de Afar, na Etiópia. Ian 
Hamling aparece à esquerda da foto. Acima, 
diagrama esquemático de um vulcão do tipo estrato. 
1. Câmara magmática - 2. Rocha - 3. Chaminé - 
4. Base - 5. Depósito de lava - 6. Fissura - 
7. Camadas de cinzas emitidas pelo vulcão - 
8. Cone - 9. Camadas de lava emitidas pelo vulcão 
- 10. Garganta - 11. Cone parasita - 12. Fluxo de lava 
- 13. Ventilação - 14. Cratera - 15. Nuvem de cinza. 
Credito: Universidade de Leeds / Wikimedia Commons

Fonte: Apolo11 - http://www.apolo11.com/vulcoes.php?posic=dat_20101018-113410.inc