sexta-feira, 24 de setembro de 2010

TECNOLOGIA NA ARBORIZAÇÃO URBANA

Experiência em árvores urbanas

Laboratórios do IPT mostram importância da tecnologia para avaliação e prevenção de riscos em espécies urbanas



O Laboratório de preservação de Madeiras e Biodeterioração de Materiais (LPB) do Centro de Tecnologia de Recursos Florestais (CT-Floresta) do IPT atende há 40 anos o problema de cupins e brocas de madeira em edificações. No passado, não havia critérios bem definidos para identificação e avaliação dos danos causados nas árvores, porque estes organismos eram analisados apenas externamente. Com o uso de novas tecnologias, o IPT tornou-se pioneiro em realizar avaliações não-destrutivas do estado de sanidade biológica das árvores e o risco de queda associado. O projeto “Operação Árvore Saudável”, realizado pelo IPT para a Prefeitura de São Paulo, foi um marco na atuação do Instituto na área. Foram analisadas 7.050 árvores da cidade utilizando método atualmente patenteado de diagnóstico de cupins em árvores, desenvolvido em 2002 no mestrado da engenheira agrônoma Raquel Amaral, pesquisadora do LPB.

A prospecção interna do tronco, o modelo de cálculo estrutural que reúne conceitos de biologia e engenharia (desenvolvido por Takashi Yojo, do laboratório de madeira e Produtos Derivados), o desenvolvimento de um software que permite o cadastro e gestão da arborização – o SISGAU (criado no Centro de Tecnologia da Informação, Automação e Mobilidade, o CIAM do IPT) e a evolução do grupo em realizar o diagnóstico não-destrutivo de árvores com o uso de novas tecnologias permitiram que o Instituto se tornasse competitivo nesta área. "Nossa meta é atender aos clientes com qualidade e de forma integral, fornecendo subsídios para o manejo mais adequado ao diagnóstico do risco de queda de árvores", afirma Sérgio Brazolin, responsável pelo LPB.

O objetivo é mostrar que as árvores da cidade podem ser bem cuidadas com o uso de diagnósticos adequados para a prevenção de riscos. Além do conforto térmico e da barreira de ruídos, as árvores amenizam os poluentes da cidade.

Saúde das árvores

Brazolin estudou a ação de fungos e cupins em tipuanas na cidade de São Paulo em sua tese de doutorado(2009). A biodeterioração e os mecanismos de resistência das árvores foram avaliados ao nível macroscópico e microscópico. O trabalho ajudou a padronizar os critérios de diagnóstico e gestão de espécies urbanas, permitindo que elas tenham uma vida mais saudável e mantendo a condição estrutural e a harmonia com as áreas de entorno. Isso ajuda as administrações municipais a reduzir acidentes com risco de queda durante vendavais e temporais.

Transferência de conhecimento

Em setembro de 2008, o CT- Floresta foi contratado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital, de Brasilia, para transferir conhecimento em diagnóstico de árvores urbanas.  O objetivo foi capacitar engenheiros para a tomada de decisões quanto ao risco de queda, com análise em campo e com uso de método que analisa as árvores internamente sem danificá-las. Foi também desenvolvido um software específico para a gestão das árvores da cidade.

Atuação diversificada

O IPT também integrou o “Projeto Temático Pau-Brasil”, em que os pesquisadores compararam as resistências do pau-brasil e da sibipiruna. As duas árvores são do mesmo gênero, mas a sibipiruna é mais utilizada na arborização urbana. O resultado do trabalho, realizado na Esalq-USP e nas árvores da cidade de Piracicaba, SP, mostrou que a resistência do pau-brasil é maior – mais um motivo para que a espécie seja preservada. Esse projeto do Instituto de Botânica resultou no livro “Pau-brasil – da semente à madeira”, lançado em setembro de 2008 como parte do projeto temático da Fapesp.

Modernização

No âmbito do programa de modernização, o IPT adquiriu novas tecnologias para avaliação não-destrutiva das árvores quanto aos processos internos de biodeterioração do lenho. Tomógrafos e equipamentos para instrumentação permitirão em breve aprimorar o conhecimento sobre os processos na condição urbana, com a quantificação mais precisa do ataque de fungos e cupins, e diminuir as incertezas dos modelos de cálculo estrutural para análise de risco de queda.