quinta-feira, 23 de setembro de 2010

PESQUISA AVALIA TRIBO YANOMANI

Pesquisa avalia a influência Yanomami em ecossistemas
Vista aérea da aldeia Demini do povo Yanomami (Foto:Marcos Wesley/CCPY)
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) realizou uma pesquisa que avaliou o efeito da ocupação dos índios Yanomami sobre a floresta e, se uma possível maior sedentarização alterou os processos de regeneração das áreas por eles ocupadas.

O estudo foi desenvolvido pelo aluno de mestrado do Programa de pós-graduação em Ecologia (Cpec), Maurice Seiji Tomioka Nilsson, intitulado "Mobilidade Yanomami e os efeitos à paisagem florestal de seu território", orientado pelo pesquisador do Inpa Philip Fearnside.

A pesquisa consiste em uma análise sobre a influência causada por uma tribo indígena, os Yanomami, que são coletores-caçadores e agricultores com alta mobilidade, nos ecossistemas em que se instalam. “Não se trata apenas da busca de área fértil para cultivo, mas também para a caça, para a sobrevivência”, expôs Nilsson.

A sustentabilidade de diferentes formas de desenvolvimento inclui a agricultura, a pecuária, o manejo florestal, o extrativismo, entre outros. Portanto, um grupo que utilize áreas florestais em benefício próprio, como os índios, precisa respeitar e compreender sua responsabilidade com o uso dos recursos oferecidos pelo meio em que se instalam. O grupo coleta, integra e interpreta informações sobre todos esses fatores para maximizar a utilidade do espaço do qual dependem para viver.

Foram interpretadas 12 imagens Landsat em quatro épocas, separadas por intervalos de sete anos, uma vez que os mapeamentos indicam a variação dos deslocamentos realizados. A área de clareiras foi relacionada com a situação demográfica dos grupos populacionais e verificada a mobilidade das residências e das clareiras. “Segundo a tese de Bruce Albert, os deslocamentos são explicados pela maneira como os Yanomami interpretam a morte e a doença, o que determina as alianças intercomunitárias; a morte de algum indivíduo os leva a mudar”, explicou Nilsson.

Ele lembra que a mobilidade também pode ser vista como resposta adaptativa à dispersão da caça e à proliferação das capoeiras. Houve mobilidade nos três intervalos verificados, e poucos grupos sedentários, vários com residências alternativas.

Os deslocamentos de curta distância dos povos Yanomami podem ser atribuídos à maior concentração de grupos em uma região, de 11 a 1.200 habitantes, deixando menos espaço para o cultivo da roça. “Cada família abre uma roça por ano e trabalham com elas abertas, sem duração precisa, em ciclos de três a quatro anos. No fim do ciclo de 15 anos, voltam para a primeira clareira, que está regenerada, onde caçam e coletam”, explicou.

A análise das imagens foi conclusiva, houve uma autorregeneração do ambiente considerável, uma resposta adaptativa à diminuição da caça e do plantio em um único local. Entretanto, a convivência de oito anos de Nilsson com os Yanomami foi um dos fatores que contribuíram para uma conclusão mais precisa e fundamentada. “Conviver com eles solucionou indagações, e esse trabalho coroa anos de convivência e pesquisa”, concluiu.

Agência Fapeam