sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CURA DA MALÁRIA



Pesquisador estuda planta exótica que pode curar malária
Pesquisador avalia adaptação da planta na região (Foto: Divulgação)
 O grande índice de casos de malária registrados na Amazônia é motivo de preocupação para pesquisadores. Principalmente para quem desenvolve pesquisas na região Norte, pois a doença é um desafio a mais, uma vez que os  próprios pesquisadores correm o risco de contrair a doença. Talvez por conta disso, cada vez mais estudos revelam novas possibilidades de cura da malária.
Uma descoberta recente de um pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) revelou que os genótipos da planta Artemisia annua L., planta de origem asiática, a partir de seu desenvolvimento, podem  ser utilizados no processo terapêutico contra a malária, quando adaptados ao ecossistema da região amazônica.

Pensando na possibilidade de gerar plantas com a melhor adaptabilidade aos ecossistemas locais, com características superiores de produção e teor do princípio ativo, o biólogo e mestre em Ciências Agrárias, Jone Libório Uchôa Carneiro, desenvolveu, por meio do Programa em Agricultura no Trópico Úmido, do Inpa, a pesquisa "Efeito de diferentes tipos de solos com adição de solução nutritiva na produção de biomassa e teor de artemisinina em Artemisia annua L.".

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad), a pesquisa teve orientação do professor Dr. Newton Paulo de Souza Falcão, também do Inpa. Carneiro dirigiu os estudos a fim de encontrar respostas para a fertilidade de diferentes tipos de solos encontrados na Amazônia Central para a nutrição mineral da planta.

Processos da pesquisa

Segundo Carneiro, o experimento foi desenvolvido na casa de vegetação da Coordenação de Pesquisas em Ciências Agronômicas (CPCA) do Inpa, durante os meses de outubro a dezembro de 2009, sendo o delineamento experimental realizado em cinco repetições nos cinco tipos de solos da Amazônia Central, que foram tratados com e sem aplicação de solução nutritiva completa. 

Ele aponta que as plantas cultivadas em solo de Terra Preta, com solução nutritiva, obtiveram maior produtividade de biomassa, diâmetro do caule, massa seca da raiz, número de folhas e  rendimento de artemisinina em relação aos demais tratamentos. O pesquisador explica também que a aplicação de solução nutritiva diminuiu o teor de alumínio tóxico dos solos e, consequentemente, a percentagem de saturação, aumentando a soma de bases, e a capacidade de troca catiônica.

"Por outro lado, as plantas cultivadas em solos sem aplicação de solução nutritiva apresentaram  um pH ácido e  baixo conteúdo nutricional. A alta acidez potencial dos solos indicaram que o teor nutricional foliar nas plantas cultivadas em Terra Preta, com a solução, apresentaram deficiência de Potássio, confirmada pela diagnose visual. A solução nutritiva utilizada causou indisponibilidade de nutrientes do solo à planta devido a sua composição", afirmou.

Benefícios

Considerando a origem asiática da planta, Carneiro temia o desenvolvimento da espécie em solo amazônico, pois ela pode afetar o equilíbrio do ecossistema, talvez por isso haja a existência da proibição para seu cultivo e bastante cautela na divulgação da planta à população. A boa notícia, segundo o pesquisador, são os estudos com a planta para o tratamento da malária e a possibilidade de torná-la acessível às comunidades mais remotas da Amazônia.

Sobre o programa

O Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (POSGRAD) consiste em apoiar, com bolsas de mestrado e doutorado, e auxílio financeiro, as instituições localizadas no Estado do Amazonas que desenvolvem programas de pós-graduação Stricto Sensu credenciados pela Capes.

Sebastião Alves – Agência Fapeam