sexta-feira, 13 de agosto de 2010

NOVA ESPÉCIE

Nova espécie de macaco é descoberta na Colômbia

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Conservation.org

 

Uma nova espécie de macaco zogue-zogue (Callicebus caquetensis) foi descoberta recentemente em uma expedição científica à Amazônia, anunciou hoje a Conservação Internacional (CI). Os pesquisadores da Universidade Nacional da Colômbia que descobriram o primata já consideram a espécie extremamente ameaçada, uma vez que sua população é bastante reduzida e a floresta onde vive está sendo destruída.
A descoberta, anunciada hoje no jornal científico Primate Conservation, foi feita pelos professores Thomas Defler e Marta Bueno e pelo estudante Javier García, após uma expedição realizada em 2008 ao estado colombiano de Caquetá, que fica perto da fronteira com o Equador e o Peru. A expedição aconteceu mais de três décadas depois que Martin Moynhian, conhecido especialista em comportamento animal, visitou a região e fez os primeiros relatos da espécie.

Durante muitos anos, foi impossível viajar a Caquetá devido à presença de guerrilhas armadas. Quando a violência diminuiu há cerca de três anos, Javier García, nativo da região, pôde viajar para a cabeceira do Rio Caquetá e, por meio de caminhadas e uso de GPS encontrou 13 grupos da nova espécie. O grupo dos macacos zogue-zogue (também chamados no Brasil de guigó ou sauá) possui um dos chamados (sons emitidos pelos macacos) mais complexos do reino animal e o utilizam toda manhã para anunciar o seu território.

"Esta descoberta é extremamente empolgante porque nós tínhamos ouvido falar desse animal, mas por muito tempo não podíamos confirmar se era diferente dos outros zogue-zogue. Agora, sabemos que é uma espécie única, e isso mostra a rica variedade de vida que ainda está por ser descoberta na Amazônia", informa o Dr. Defler. 
Essa recém-descoberta espécie, entretanto, já tem sua sobrevivência ameaçada. Acredita-se que existem menos de 250 zogue-zogue de Caquetá, ao passo que uma população saudável deveria estar em torno de milhares de indivíduos. A principal razão para esse número reduzido é a destruição das florestas da região que têm sido abertas para plantios agrícolas. Isso diminui drasticamente as áreas para esses animais se reproduzirem, encontrarem alimentos e sobreviverem.

Tanto a população reduzida quanto o habitat fragmentado justificam a classificação do Callicebus caquetensis como uma espécie Criticamente em Perigo (CR), segundo o critério da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês). Isso significa que esse animal enfrenta um risco extremamente alto de extinção no futuro muito próximo. 

"A descoberta é especialmente importante porque nos lembra que devemos comemorar a diversidade de vida na Terra, mas que também precisamos agir agora para salvá-la", alerta José Vicente Rodríguez, diretor da unidade de ciência da Conservação Internacional na Colômbia e presidente da Associação Colombiana de Zoologia. "Quando os líderes mundiais se reunirem na Convenção de Diversidade Biológica no Japão no final do ano, eles precisam se comprometer com a criação de mais áreas protegidas se quisermos garantir a sobrevivência de criaturas ameaçadas como esta na Amazônia e ao redor do mundo".

Características - O Callicebus caquetensis é do tamanho de um gato. Seu pelo é marrom acinzentado, mas ele não tem a barra branca na testa, comum em muitas outras espécies de Callicebus. Ele também tem uma longa cauda coberta de pêlos cinzas e uma barba vermelha ao redor das bochechas. Ao contrário da maioria dos primatas, o zogue-zogue de Caquetá (e provavelmente todos os zogue-zogue) é monógamo, ou seja, forma relacionamentos duradouros e frequentemente se pode ver os casais sentados em um galho de árvore com os rabos entrelaçados. Eles têm cerca de um filhote por ano. Assim que um bebê nasce, os pais normalmente forçam o filhote mais velho a ir embora para poderem se concentrar no recém-nascido. As famílias do zogue-zogue de Caquetá se mantêm unidas em grupos de cerca de quatro indivíduos e são encontradas perto dos principais rios da região.

A pesquisa liderada pelo Dr. Defler foi financiada pelo Primate Action Fund da Conservação Internacional, pela Iniciativa de Espécies Ameaçadas da CI-Colômbia, criada em homenagem ao conservacionista e biólogo colombiano Jorge Hernández Camacho, pelo Fondo para la Acción Ambiental y la Niñez e pela Fundación Omacha.