quinta-feira, 22 de julho de 2010

NOVAS ESPÉCIES DE INSETOS ENCONTRADAS NA AMAZÔNIA

Cientistas descobrem novas espécies de insetos no Amazonas
Técnica de coleta de borboletas (Foto: Divulgação)
Um grupo de cientistas identificou mais de 50 espécies novas de insetos no Amazonas. A coleta dessas espécies ocorreu durante trabalho de campo do projeto "Amazonas: diversidade de insetos ao longo de suas fronteiras", realizado durante 21 dias do mês de junho, nos rios Padauari, Aracá e Demini, localizados à margem esquerda do rio Negro.

O projeto tem o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência Pronex-Fapeam-CNPq. "Esse projeto vai permitir ampliar o conhecimento científico sobre a diversidade dos insetos da Amazônia", destacou o coordenador da pesquisa José Albertino Rafael.


Entre as descobertas preliminares, destacam-se, pelo menos, oito espécies novas de carapanãs (pernilongos), 15 de cigarrinhas, 4 de percevejos, 10 de esperanças (inseto verde de maior diversidade da Amazônia), 6 novos tipos de louva-deus, 15 novos tipos de moscas e mais seis novas espécies de besouros serradores. A expectativa é de que esses números sejam incrementados à medida que o material coletado for analisado e identificado.

Segundo Rafael, praticamente todos os pesquisadores que participaram da excursão já confirmaram a descoberta de espécies novas. "Somente depois de descritas e nomeadas é que poderemos dizer quais são essas novas espécies. Antes de serem publicadas elas não existem (é como uma pessoa sem registro em cartório; oficialmente não existe)", explicou, destacando que outras espécies, provavelmente novas, ainda precisam ser confirmadas com estudos em laboratórios.

Resultados

Os resultados da excursão científica indicam que quanto mais são exploradas as áreas limítrofes do Estado do Amazonas, áreas ainda remotas, mais os cientistas vão descobrindo espécies desconhecidas pelo ser humano. "Isso representa um grande avanço no conhecimento dos organismos com os quais convivemos na natureza", avaliou Rafael.

Ao todo, foram coletados cerca de 100 mil exemplares e encontradas espécies raras, conhecidas em pouquíssimos exemplares . "O material está sendo triado e contabilizado em laboratório", frisou.

O pesquisador explicou que assim que as espécies são descobertas, descritas e nomeadas elas passam a ser conhecidas e a partir daí podem ser estudadas sob diferentes aspectos, desde seu papel na natureza, sua importância, sua biologia, suas características genéticas, seu potencial como praga ou como espécie benéfica, e outros.

"Essas descobertas representam um respeito para com os organismos, com a natureza, porque saberemos que eles existem naquelas áreas e teremos a obrigação de preservá-los. Ainda não sabemos da sua importância e por isso temos que mantê-los em seu habitat natural para podermos estudá-los com maior profundidade, nem que seja daqui a 100 anos", afirmou.

Coleção

Na região amazônica, a maior coleção de insetos pertence ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que nos últimos anos, fez um grande investimento em qualidade de infraestrutura, tornando-se uma das instituições cujo acervo mais cresce no Brasil atualmente. "Certamente os recursos financeiros da FAPEAM para o desenvolvimento desse projeto contribuíram significativamente para esse incremento e para a sua notoriedade. A população humana ganha com o avanço da ciência e a população dos demais organismos vivos agradece o conhecimento e o respeito", assegurou.

Metodologia

O coordenador da pesquisa explicou que foram utilizadas armadilhas de inteceptação de voo de insetos e armadilhas luminosas que atraem os insetos noturnos, montadas no dossel das árvores.

O projeto tem duração de quatro anos e, até seu término, no final de 2011, está prevista mais uma excursão para chegar às cabeceiras dos rios na fronteira com a Colômbia, na região conhecida como "Cabeça do Cachorro", próxima a São Gabriel da Cachoeira, a 852 quilômetros da capital amazonense.

A excursão contou com uma equipe composta, no total, por 26 pessoas distribuídas em 10 pesquisadores de diversas especialidades, além de 8 estudantes de pós-graduação, técnicos de apoio e a tripulação do barco.

Foto 1 - Amostras de borboletas coletadas (Divulgação)
Foto 2 - Técnica de coleta de insetos à noite (Divulgação)


Cristiane Barbosa  - Agência Fapeam