quarta-feira, 30 de junho de 2010

Estudo avalia produção de borracha em áreas de várzea no Amazonas

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Crédito:Peter Wimmer(Inpa) 
 
O estado do Amazonas já foi o maior produtor de borracha no mundo, hoje, Tailândia e Indonésia são responsáveis pela produção mundial. O látex é utilizado para produção de luvas cirúrgicas, preservativos, próteses, pneus, balões, máscaras, bonecos, solados, pisos e revestimentos, entre outros produtos comuns no nosso cotidiano. Tal matéria prima é tão importante devido às características como, flexibilidade, elasticidade, resistência à corrosão, impermeabilidade, fácil adesão ao aço.


Em função dessa enorme importância e variedade no uso da borracha, um grupo de estudo formado por alunos de mestrado e pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) vêm desenvolvendo pesquisas que visam à recuperação da produção da borracha natural no Amazonas.

Uma das pesquisadas foi desenvolvida por Peter Wimmer, aluno de pós-graduação em Ciências de Florestas Tropicais do Inpa. A pesquisa investigou a produção de borracha natural em sistemas agroflorestais de várzea, no município de Itacoatiara (distante à 176 quilômetros de Manaus).

A pesquisa intitulada Produção de Borracha Natural em Sistemas Agroflorestais de Várzea no Município de Itacoatiara, foi orientada pelos pesquisadores do Inpa Sônia Alfaia e Newton Falcão. A pesquisa foi financiada pela Secretária de Estado de Produção Rural (Sepror) e os resultados obtidos serão utilizados para orientar o Programa de Recuperação da Cadeia Produtiva da Borracha Natural. O estudo foi realizado em 12 propriedades rurais situadas nas áreas de várzea em Itacoatiara.

O projeto foi realizado em três etapas. A primeira caracterizou os meios de produção das populações ribeirinhas e constatou que os sistemas produtivos são voltados para suprir a necessidade alimentar própria (agricultura familiar), mas também para a comercialização dos produtos.

A segunda etapa foi a caracterização dos sistemas agroflorestais por meio de um levantamento florístico, onde foi constatado que as seringueiras se encontram consorciadas com outras espécies de plantas como açaí, cacau, taperebá, bacabinha e banana. Ao todo, foram identificadas 54 espécies utilizadas para consumo e/ou comércio dentro destes sistemas.

A terceira etapa foi a avaliação da produção de borracha, que foi feita por meio da determinação do número de seringueiras produtivas, seu arranjo espacial, formas de extração e beneficiamento do látex utilizados pelos produtores, além da produtividade de látex por planta e intensidade de exploração das seringueiras.

 Qualidade e produtividade-
Apesar de o estudo constatar que técnicas de exploração dos produtores são adequadas para a região, a qualidade do produto final é baixa. Problemas como alto teor de umidade e impurezas interferem na qualidade final da borracha. "Hoje, toda a borracha que é produzida no estado é para fabricação de pneus, no entanto, se a qualidade da borracha fosse melhorada, poderia ter uma finalidade mais nobre", avalia Wimmer.
Para calcular a produtividade da borracha na região, o pesquisador selecionou quatro árvores em cada seringal, classificadas de acordo com a classe de circunferência do tronco da árvore. Os maiores valores de produção foram de 11,8 e 15,8 gramas de borracha seca por sangria, para cada classe de circunferência, sendo estes resultados considerados modestos. No entanto, algumas árvores chegaram a produzir 31,3 gramas de borracha seca por sangria evidenciando alto potencial genético destes indivíduos.

Conforme Wimmer, o estudo propõe que estas árvores de produção elevada sejam selecionadas e se faça a sua reprodução, visando constituir seringais de alta produtividade com material genético adaptado as condições da região.