segunda-feira, 3 de maio de 2010

TORRES MICROMETEREOLÓGICAS SERÃO INSTALADAS NO SERTÃO

imagem- scielo.br
da sectma.pe.gov.br

A instalação das torres será acompanhada por técnicos do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec)/Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Lamepe, que atuam mediante parceria na execução do projeto Muclipe. As torres serão equipadas com sensores instalados em dois sistemas de medidas, sendo um em alta frequência (fluxos de CO2, vapor d´água e calor sensível) e outro em baixa frequência (componentes do balanço de radiação, temperatura e umidade relativa do ar, precipitação, umidade e temperatura no perfil do solo). O monitoramento será permanente, visando à coleta de dados em longo prazo e, assim, obter dados que possibilitem a caracterização mais precisa, do ponto de vista micrometeorológico, da caatinga.


Em Petrolina, já existe hoje uma torre meteorológica realizando algumas medidas micrometeorológicas. No entanto, explica a coordenadora do Lamepe, Francis Lacerda, após alguns anos, observou-se a necessidade de modificar sua localização, instalando o novo equipamento numa área que melhor represente a caatinga preservada, bem como ampliar a altura e o número de sensores instalados, como sensores PAR lineares e perfil da temperatura do ar e velocidade do vento sobre a vegetação, por exemplo. A nova torre será localizada no Campo Experimental da Caatinga, da Embrapa Semiárido. A outra torre será instalada em Araripina, município caracterizado pela degradação ambiental devido à exploração mineral – para extração de gipsita e outros minerais – e vegetal, para atender ao consumo de lenha das empresas.

MONITORAMENTO DE CO2

- Com esta ação, o Itep/Lamepe fará parte da Rede Brasileira de Monitoramento de CO2, estando apto a fazer estudos sobre mudanças climáticas. Francis Lacerda explica que a vegetação da caatinga que recobre o semiárido brasileiro é, proporcionalmente, a menos estudada e menos protegida das composições florísticas brasileiras, e possui espécies vegetais de importância incontestável na sua formação. “A exploração contínua dos recursos naturais e a devastação generalizada da cobertura vegetal nativa desta região fitogeográfica vêm provocando impactos ambientais de grande magnitude, cujas conseqüências ainda não são totalmente conhecidas. Tais consequências exigem intervenção imediata no sentido de amenizar os problemas daí decorrentes.”, acrescenta ela.

Segundo Francis, a caatinga e o semiárido brasileiro compreendem áreas muito suscetíveis às variações do clima, e destacam-se como as mais vulneráveis aos impactos das possíveis mudanças climáticas. Apesar da importância, ainda são muito escassas as informações científicas sobre as interações do sistema solo-planta-atmosfera em áreas cobertas por este ecossistema, seja em estado natural ou degradado. “Com as torres, será possível estudar as mudanças ocorridas no bioma caatinga, que, pelas simulações feitas até agora, é o primeiro a se modificar”, afirma.

O conhecimento das interações entre o sistema solo-planta-atmosfera poderá auxiliar na tomada de decisões para a redução dos impactos sobre o meio ambiente, da possível mudança no uso da terra nas regiões do Semi-Árido brasileiro. Ao mesmo tempo, essas informações poderão ser utilizadas para melhoria dos resultados dos modelos de previsão de tempo e clima e efeitos do aquecimento global no semiárido, além de constituir um banco de dados inédito sobre esse importante ecossistema brasileiro.

As atividades do projeto são desenvolvidas no Itep/Lamepe; no Inpe, em São Paulo; e também no Instituto Agronômico de Pernambuco (Ipa), além da Embrapa Semi-Árido, em Petrolina. A coordenação geral do projeto é de Francis Lacerda, do Itep/Lamepe, e a vice-coordenação, do pesquisador Paulo Nobre, do Cptec/Inpe.