terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O INCRA E SUAS SANDICES

Pe. Edilberto



Em vez de reforma agrária de verdade em terras improdutivas (dizem os entendidos que só no município de Santarém há cerca de 500 mil hectares de terras agricultáveis), o INCRA faz assentamentos em terras públicas e de florestas. Em vez de titulação de propriedades aos produtores tradicionais, que habitam a terra desde seus ancestrais, declara essas terras de assentamentos de reforma agrária.



E depois chega e oferece financiamentos desconexos, uma hora só para construção de casas, outra hora só para fomento à produção, pulverizando recursos aqui e acolá, mantendo os pequenos produtores a reboque dos dinheirinhos anunciados.



Agora chega mais uma lingüiça pendurada em cordão. A nova proposta é: 2 mil e quatrocentos reais, para cada assentado que plantar árvores e
cuidar delas por dois anos em terras por ele mesmo deflorestada em seus 20% permitidos, ou se tiver avançado além dos limites da reserva legal. Ele receberá esse estímulo com 100 reais mensais por 24 meses.



A proposta não está bem clara. Não diz quantas árvores o assentado deve plantar para usufruir a compensação, também não diz que tipo de árvores deve plantar, se goiabeira, se mangueira, se ipê, ou Cedro. A notícia não explica também como o INCRA vai fiscalizar esse movimento ecológico. Suponha-se que 2.000 assentados decidam aceitar a proposta, quantos fiscais estarão disponíveis para mensalmente verificar se as plantadas estão sendo bem cuidadas?



O curioso desta proposta do INCRA, que parece estar dentro daquele grandiosos plano governamental de plantar um bilhão de árvores em
cinco anos, é que essa atraente oferta chega agora bem no final do ano, véspera de Natal e na ante véspera das eleições do próximo ano.



Fica aquela suspeita no ar, essa lingüiça pendurada no cordão, é presente de Papai Noel, ou é campanha antecipada visando as eleições de 2010?
Então o INCRA deixa de lado sua missão de realizar uma reforma agrária séria e se torna distribuidor de crédito carbono, é? Já o pequeno
produtor deixa de ser um autônomo proprietário empreendedor para continuar dependente do bolsa família, dos créditos do INCRA, essas pequenas bondades do governo federal. Já a reforma agrária de verdade vai ficando para depois de amanhã, se Deus quiser? Afinal o INCRA se torna papai Noel, ou cabo eleitoral oficial??
http://www.radioruraldesantarem.com.br